Um dos maiores desafios para a agricultura sustentável está associado à perdas de colheitas devido à presença de insetos, fungos e outros, que atacam as plantas. Estima-se que hoje em dia é desperdiçado o valor de US$180 bilhões em alimento por causa de nematóides no solo. Controle por pesticidas biológicos podem auxiliar a alimentar a população com mais cultivos orgânicos e fomentar o mercado de biocombustíveis.
Nas últimas décadas, a ampla utilização de pesticidas químicos combateu esses problemas, garantindo boas e seguras colheitas. No entanto, não se foi levado em consideração os danos que o uso excessivo dessas substâncias químicas costumam trazer para o meio ambiente. Não apenas pela contaminação dos aquíferos e meios hídricos, mas também com os impactos negativos sobre a biodiversidade do ecossistema, como o aumento da taxa de mortalidade das abelhas (polinização) e degradação do solo, no qual a substância lixívia.
Além disto, estes químicos podem chegar ao homem através de resíduos por alimentos vegetais, tornando-se assim algo ingerido comumente em nosso dia-a-dia. Por último, e não menos importante, estes químicos também podem desenvolver parasitas cada vez mais resistentes, sejam eles invertebrados, bactérias e/ou fungos. Desta forma a atividade da monocultura, muito praticada em nosso país, acaba sendo uma razão da proliferação em massa deste mal.
Atualmente, os consumidores vêm demonstrando mais preocupação e buscando melhorar sua saúde e meio ambiente. Nesse sentido, pesquisas científicas e inovações tecnológicas estão sendo direcionadas para a busca de produtos para proteger a planta, como pesticidas, de origem natural. Consequentemente ajudando na manutenção da produção e do ecossistema, reduzindo os impactos negativos e transformando em um ambiente sustentável.
O que são esses pesticidas biológicos?
De modo geral, os pesticidas naturais são substâncias produzidas por outros organismos os quais compartilham o mesmo ecossistema onde os parasitas habitam, competindo naturalmente. Nesta relação competitiva, a produção de destes organismos benéficos é muitas vezes fundamental, no entanto, a identificação destas substâncias nem sempre implica uma aplicação prática fácil. Dificuldades são encontradas para a solução ser acessível e realizar um resultado eficaz e seguro.
Recentemente, um artigo publicado por pesquisadores da Universidade de Sussex do Reino Unido, junto com pesquisadores da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, demonstrou que estamos mais perto de soluções nesta área.
Estudos demonstraram que a semente de trigo tem a capacidade de absorver estes bioestimulantes produzidos por bactérias provenientes do solo e com isso, a planta consegue se defender dos nematóides que compromete as raízes. A substância tanto auxilia a planta a se defender quanto enfraquece o parasita, o que chamou atenção para a descoberta. Esta tecnologia ser aplicada antes da semeadura para proteger a semente ou direto no solo para proteger a planta.
Estamos cada dia mais perto de pertencer a uma sociedade sustentável e orgânica!
A reportagem original e o artigo citado podem ser encontrados nos seguintes links:
http://www.sussex.ac.uk/broadcast/read/48552
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpls.2019.00483/full
Blyuss Konstantin B., Fatehi Farzad, Tsygankova Victoria A., Biliavska Liudmyla O., Iutynska Galyna O., Yemets Alla I., Blume Yaroslav B. RNAi-Based Biocontrol of Wheat Nematodes Using Natural Poly-Component Biostimulants Front. Plant Sci., 17 April 2019
