Manual de Uso Correto e Seguro de Produtos Fitossanitários

1 DANOS POR CONTAMINAÇÃO POR DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

 

A contaminação por produtos fitossanitários pode fazer muito mal à sua saúde! Confira abaixo os sintomas e resultados para o corpo humano por contaminação por defensívos agrícolas:

Curto prazo:

(Sistema nervoso) Convulsões

(Músculos) Fraqueza, tremor

(Corpo) Náuseas, vômitos, Tontura

(Cabeça) Dor de cabeça

Longo prazo:

Câncer

(Fígado) Lesões no fígado

(Coração) Arritmia

(Cérebro) Doença de Parkinson

(Pele) Doenças de pele

2 AQUISIÇÃO

  • Não compre produtos defensivos sem a orientação de um agrônomo.

  • Exija nota fiscal do produto e guarde ela em local seguro, junto com uma via da receita agronômica.

    • Nota fiscal é exigida para:

      • Transporte

      • Devolução de embalagem

      • Garantia do produto

 

  • Não compre produtos com data próxima do vencimento da validade.

  • Informe-se com o vendedor sobre o local onde as embalagens vazias devem ser devolvidas.

3 TRANSPORTE

  • O transporte correto de defensivos deve cumprir a legislação de transporte de produtos perigosos. O não cumprimento pode acarretar em multa para o vendedor e para a pessoa que transporta.

  • Para quantidades pequenas, recomenda-se o transporte com veículos como camionetes. É proibido transportar produtos na mesma cabine ou carroceria onde estejam pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos.

  • Os produtos devem estar cobertos com lonas impermeáveis ou outro tipo de proteção, presos à carroceria.

  • Documentos que devem ser carregados no transporte:

    • nota fiscal do produto

    • envelope de transporte

    • ficha de emergência para transporte

  • Para o transporte de grandes quantidades de produtos, outras exigências são solicitadas, como sinalização do veículo e motorista com habilitação especial. Os valores de quantidade isenta de exigências adicionais podem ser consultadas na tabela:

(Aqui colocar as tabelas da imagem “quantidades limites para transporte de produtos sem maiores exigibilidades”. Podemos pensar em uma maneira legal de colocar.)

 

Para consultar as exigências adicionais, consulte o Manual de Transporte de Produtos Fitossanitários, criado pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF). (https://www.casul.com.br/arquivo/imagem/8f14e45fceea167a5a36dedd4bea2543ManualTrasnporte.pdf)

Quando o produto for classificado como perigoso para o transporte (ficha de emergência com tarja vermelha), a nota fiscal deve ter informações como o número da ONU, nome próprio para embarque, componentes de risco, classe ou subclasse de risco, risco subsidiário (se existir), além do grupo de embalagem;

4 ARMAZENAMENTO

Mesmo para estocagem de pequenas quantidades, o armazenamento deve ser feito com cuidado.

Algumas dicas para manter os produtos bem armazenados:

 

  • O depósito deve ficar em um lugar onde não ocorrem inundações durante o ano.

  • Deve ser afastado de fontes d’água, residências e instalações para animais.

  • O ambiente deve ser exclusivo para armazenamento de produtos fitossanitários. Não deve-se armazenar junto com ferramentas, ração, maquinário…

  • A porta do depósito deve ser mantida sempre trancada, para evitar a entrada de crianças e outras pessoas.

  • A construção deve ser de alvenaria, com boa ventilação e iluminação, sem buracos ou frestas que permitam a entrada de animais.

  • Se os produtos forem guardados no galpão de máquinas, a área deve ser isolada com paredes, ter saída para a rua e ser fechada com chave.

  • O piso deve ser cimentado e sem fissuras. O telhado deve ser resistente e sem goteiras, para permitir que o depósito fique sempre seco.

  • Alguns produtos defensivos são inflamáveis. As instalações elétricas devem estar bem construídas, instaladas com segurança, para evitar um possível curto circuito e princípio de incêndio.

  • Os produtos devem ser colocados sobre estrados ou estantes, e não diretamente no chão.

5 MANUSEIO DE PRODUTOS

A melhor forma de se informar sobre o produto é consultando o rótulo e a bula.

 

(imagem “Classes de defensivos”. Legenda: Classificação dos produtos quanto ao nível de toxidez.)

 

O uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) reduz os riscos de contaminação com defensivos. Só utilize EPIs com a Certificação de Aprovação emitida pelo Ministério do Trabalho.

(imagem “Homem com EPI”)

Principais vias de contaminação

(imagem “Principais vias de contaminação”)

Por isso, é importante utilizar todas as partes do conjunto.

O empregador é obrigado a fornecer o EPI o funcionário, devidamente limpo e conservado, além de fiscalizar e exigir o uso. O empregador que não cumrprir com as obrigações poderá responder judicialmente, além de ser multado pelo Ministério do Trabalho.

6 VESTIMENTA CORRETA DO EPI

 

  • Só utilize EPIs com a Certificação de Aprovação emitida pelo Ministério do Trabalho!

 

O EPI deve ser vestido seguindo a ordem apresentada, começando pelo jaleco e a calça.

1º passo: Vestir jaleco e calça

  • Vestir sobre roupa comum, como bermuda e camiseta de algodão, para ficar mais confortável.

  • Colocar cordões da calça e do jaleco para dentro da roupa.

2º passo: Vestir botas

  • Utilizar botas de PVC, preferencialmente da cor branca. Não são recomendadas botas de couro!

  • As barras da calça devem ficar para fora dos canos das botas, para o produto não escorrer para os pés.

3º passo: Vestir avental

  • O avental deve cobrir do peito até a altura dos joelhos, e deve ser feito de material impermeável.

  • Quando o aplicador for utilizar aplicador costal, deve-se utilizar o avental na parte de trás.

4º passo: Colocar o respirador (máscara)

Serve para evitar que o aplicador os inale vapores e a névoa formada durante a aplicação.

  • O aplicador deve estar barbeado para permitir que a máscara fique bem encaixada no rosto.

Existem dois tipos: o descartável (PFF2) e o de baixa manutenção, que possuem filtros especiais para reposição. Os respiradores devem ter filtro duplo: mecânico e químico.

5º passo: Colocar a viseira

  • Protege o rosto e olhos contra gotas ou névoas da pulverização.

6º passo: Colocar o boné árabe

  • É feito com um algodão tratado que evita a passagem de respingos, protegendo a cabeça e o pescoço

7º passo: Luvas

As mãos são as partes com maior risco de exposição aos produtos.

  • Sempre utilize luvas quando for manusear defensivos, mesmo antes e depois da aplicação.

  • As luvas devem ser impermeáveis. As mais recomendadas são as de borracha nitrílica ou neoprene, pois servem para todos os tipos de formulação.

  • Elas devem ser do tamanho da mão do operador, sem ficarem muito pequenas ou muito grandes.

  • Quando as aplicações forem direcionadas somente para cima da linha dos ombros, o cano das luvas deve ficar para fora do jaleco. Quando as aplicações foram abaixo da linha dos ombros, o cano das luvas deve ficar para dentro do jaleco. Estes cuidados evitam que a calda escorra para dentro do jaleco ou para as mãos.

(imagem: “Ordem de vestir os EPI”)

 

Como tirar o EPI:

 

  • O top seria pegar pronto do “Manual de uso correto de EPI”. Já possui imagens muito boas com as explicações.

7 PREPARAR A CALDA COM SEGURANÇA

 

O trabalhador precisa ter muito cuidado nesta hora, pois está manejando o produto concentrado, que oferece muito mais riscos à saúde

Antes de iniciar o procedimento, o produtor precisa calcular a dose de produto a ser utilizada. Ler o rótulo e a bula é importante.

    • Manuseie os produtos ao ar livre, afastado de pessoas e animais.

    • Utilize somente água limpa para preparar a calda, isto evita entupimento de bicos do pulverizador.

    • Utilize balanças, recipientes e funis reservados somente para a preparação da calda. Não utilize eles em mais nada, a não ser para isto.

    • Caso esvazie a embalagem, faça a lavagem logo após.

    • Para misturar a calda, use apenas o agitador do pulverizador.

    • Após preparar a calda, lave todos os utensílios e seque-os ao sol.

8 LIMPEZA E DEVOLUÇÃO DAS EMBALAGENS

Pela legislação brasileira, o agricultor deve preparar e devolver todas as embalagens vazias dos defensivos agrícolas que utilizar.

8.1 LAVAGEM DAS EMBALAGENS VAZIAS

Antes de devolver, o agricultor deve lavar corretamente as embalagens ou acondicionar as embalagens não laváveis.

A lavagem deve ser feita durante a preparação da calda, logo após colocar o produto no tanque. A lavagem correta permite que não sobrem resíduos na embalagem, reduzindo riscos de contaminação do ambiente e aproveitando o produto até a última gota.

A lavagem pode ser feita de duas formas.

8.1.1 Tríplice lavagem

1. Esvazie completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador;

2. Adicione água limpa à embalagem até ¼ do seu volume;

3. Tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos;

4. Despeje a água de lavagem no tanque do pulverizador;

5. Faça esta operação 3 vezes;

6. Inutilize a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo.

(imagem “Tríplice lavagem”).

 

8.1.2 Lavagem sob pressão

Este procedimento somente pode ser realizado em pulverizadores com

acessórios adaptados para esta finalidade;

1. Encaixe a embalagem vazia no local apropriado do funil

instalado no pulverizador;

2. Acione o mecanismo para liberar o jato de água limpa;

3. Direcione o jato de água para todas as paredes internas da embalagem

por 30 segundos;

4. A água de lavagem deve ser transferida para o interior do tanque do

pulverizador;

5. Inutilize a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo.

(imagem: “Lavagem sob pressão”).

 

8.1.3 Embalagens flexíveis contaminadas

As embalagens de produtos granulados ou em pó geralmente são do tipo sacos, e não podem ser lavados. Quando esvaziar este tipo de embalagem, guarde dentro de um saco plástico padronizado, que pode ser adquirido com revendedor do defensivo.

 

8.2 DEVOLUÇÃO DAS EMBALAGENS

  • O agricultor tem o prazo de até um ano depois da compra para devolver as embalagens vazias.

 

  • A devolução é feita em unidades de recebimento de embalagens, que são indicadas pelo revendedor na hora da compra do produto.

  • O produtor que não devolver as embalagens ou não perapá-las corretamente está sujeito a multa, e pode ser enquadrado na Lei de Crimes Ambientais.

  •  

9 APLICAÇÃO DO PRODUTO

Fazer a aplicação de forma correta é tão importante quanto escolher o produto certo.

  • Calibre corretamente o pulverizador. As informações estão no manual de instruções do fabricante do equipamento.

  • A utilização da pressão incorreta na aplicação pode resultar em aplicação ruim ou em desgaste excessivo da bomba.

  • Não faça pulverização com bicos estragados ou mangueiras com vazamento. Faça inspeções e manutenções periódicas.

  • Verifique a velocidade do vento para fazer uma boa aplicação, e se possível, a temperatura e umidade relativa do ar.

(imagem: “Vento na aplicação”)

(imagem: “Temperatura e Umidade na Aplicação”)

(Crédito das imagens anteriores: Hamilton Ramos – IAC)

 

  • Evite fazer aplicações nas horas mais quentes do dia.

  • Jamais desentupa bicos com a boca.

  • Após a aplicação, não entre novamente na lavoura e avise as pessoas próximas.

  • Não comer, beber ou fumar durante a aplicação.

  •  

10 INTERVALO DE SEGURANÇA OU PERÍODO DE CARÊNCIA

É o período em que, após a aplicação de defensivos, não se deve realizar a colheita. Se o período de carência é de 11 dias, deve-se esperar 11 dias após a aplicação do defensivo para poder realizar a colheita, caso seja necessário.

Este prazo é importante para garantir que o alimento colhido não possua resíduos acima do limite máximo permitido.

 

O intervalo de segurança está informado na bula do produto.

11 HIGIENE

A contaminação com defensivos agrícolas pode ocorrer mesmo depois da aplicação!

Roupas ou equipamentos contaminados deixam a pele do trabalhador em contato direto com o produto e aumentam a absorção pelo corpo.

Consumir alimentos ou fumar com as mãos contaminadas também podem favorecer a contaminação do trabalhador.

Hábitos simples de higiene diminuem os riscos à saúde do aplicador:

  1. Lavar bem as mãos antes de comer, beber ou fumar

  2. Ao final do dia de trabalho, lavar bem as roupas que foram usadas durante aplicação, separadas de outras roupas.

  3. Tomar banho com bastante água e sabonete, esfregando bem o cabelo, axilas, unhas e região genital.

  4. Mantenha sempre a barba feita e unhas bem cortadas.

Como lavar o EPI

 

  1. Lavar o EPI separado da roupa comum.

  2. Enxaguar com bastante água corrente, para diluir os resíduos de defensivos.

  3. Lavar a roupa com bastante cuidado, sem esfregar. Isto aumenta a durabilidade e mantém a segurança do EPI.

  4. Utilizar somente sabão neutro na lavagem. Deixar as roupas de molho, depois enxaguar bem para tirar todo o sabão.

  5. As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com bastante água após cada uso.

  6. Não guarde EPIs com roupas comuns.

  7. Caso alguma peça esteja danificada, troque por uma nova.

12 PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE ACIDENTES

    • Em caso de contaminação com defensivos agrícolas, deve-se agir imediatamente.

    • Antes de levar a vítima ao hospital, deve-se tentar descontaminar ao máximo as partes atingidas.

    • Leia as instruções de primeiros socorros do rótulo ou da bula do produto e realize os procedimentos.

    • Dê banho e coloque uma roupa limpa na pessoa contaminada, e leve imediatamente ao hospital.

    • Leve para o hospital a bula ou o rótulo do produto. Exija atendimento imediato.