Homem + Máquina

Tecnologia + Homem: uma soma de sucesso

Sumário

A força de trabalho do homem sempre foi essencial para o desenvolvimento de qualquer atividade. Seja na indústria, no comércio, dentro de um escritório ou no campo. E se há um componente da produção agrícola que é capaz de influenciar em todos os outros, este é a mão de obra. Pessoas são (ou já foram) necessárias para preparar a terra, plantar, instalar armadilhas para pragas, aplicar fertilizantes e defensivos contra doenças, colher, levar o produto para o comércio e tantas outras atividades de uma propriedade rural.

Com o advento das máquinas, o homem passou a ser coadjuvante, sendo aquele que conduz as máquinas em vez de realizar a ação diretamente com suas mãos. Isso mudou o uso da mão de obra humana, mas não a dispensou. Tal fato foi de encontro a uma realidade que vem se mostrando cada vez mais crítica com o passar dos anos.

As populações estão cada vez menos rurais e mais urbanas. As populações rurais estão encolhendo e as populações urbanas estão cada vez maiores. Conforme dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2020, 76% dos habitantes do Brasil estão em áreas urbanas. Este valor é superior a projeção feita pelo Banco Mundial para o mesmo ano, que era de 60%. A população das cidades cresceu muito mais rápido do que se imaginava. 

Há muitos anos vemos jovens deixarem a vida no interior para trás e migrarem para grandes cidades em busca de profissionalização e novos rumos para suas vidas. A consequência é inevitável: o setor primário, tão importante para o país, encara dificuldades de encontrar pessoas interessadas em trabalhar na produção agrícola. O Censo Agropecuário realizado em 2017 pelo IBGE mostrou que houve uma redução de cerca de 9% na mão de obra em estabelecimentos agropecuários desde o ano de 2006, o que significa 1,5 milhão de pessoas.

A alternativa encontrada para driblar este problema é a adoção de tecnologias, que podem substituir ou reduzir a mão de obra humana e levar a economia de recursos. Além disso, a utilização de tecnologias no campo otimiza a produção e torna o produto obtido mais competitivo no mercado. Equipamentos automatizados, integrados com sistemas por conexões de internet, são os melhores exemplos de tecnologia dentre as mais avançadas. As máquinas evoluíram de modo que a escassez de mão de obra passou a ser menos sentida pelo agricultor.

Máquinas foram aperfeiçoadas não necessariamente com o objetivo de substituir o homem, mas para trazer melhorias ao trabalho de quem se mantém no campo. Elas podem até trabalhar sozinhas, em locais e horários em que não há disponibilidade de mão de obra humana, por exemplo. Mas não falamos apenas de grandes equipamentos, como tratores e implementos para arar a terra, pulverizar produtos ou colher. A produção em menor escala tem visto muitos benefícios com a utilização de estufas automatizadas, onde as condições ambientais podem ser controladas por computador à distância.

Temos dois exemplos de sucesso. Um deles é a Morangos França, empreendimento dirigido por uma família que possui cerca de 20 mil pés de morangueiro em ambiente protegido numa área com menos de 1 hectare no interior de Santa Catarina. O uso de sensores e de um sistema de irrigação automatizado permitiu que sobrasse tempo para a realização de outras atividades.

O outro exemplo é o Fazenda Solana, do interior do Paraná, que produz uma planta para ser a matéria prima de seus medicamentos em estufas, que agora são totalmente automatizadas. Comandos como o acionamento e desligamento das bombas de irrigação e abertura e fechamento dos lumintes, além da checagem de dados coletados, são feitos a distância conforme parâmetros informados pelos técnicos, sem a necessidade de um funcionário para a realização de tais atividades, o que ocasiona uma redução de 20% horas/homem necessárias diariamente e diminuição do ciclo da muda em 17%, ocasionando ganhos de tempo e insumos.

         Se por um lado a tecnologia reduz a necessidade de mão de obra, cuja oferta já vinha caindo, as vantagens podem ir além da economia de recursos e de tempo. Vamos ver mais algumas:

 

Diferenças de rendimento

A adoção de tecnologias pode levar a diferenças significativas no rendimento das áreas cultivadas e no lucro da propriedade rural. Equipamentos podem funcionar em horários alternativos, nos quais funcionários estão legalmente dispensados. Assim, atividades como plantio ou colheita tornam-se mais rápidas, sendo finalizadas em prazos menores.

No caso do cultivo da uva, a possibilidade de realizar a colheita mecanizada no período da noite contribui para a obtenção de uma matéria-prima de maior qualidade para a fabricação de vinhos. Isso também acontece com outras culturas, como o milho. Colher a noite representa uma corrida contra condições climáticas adversas e para abastecer os mercados nos momentos certos. 

Coleta de dados facilitada

As primeiras estações meteorológicas precisavam de uma pessoa para realizar a leitura dos dados coletados, o que era feito unicamente de modo presencial. Hoje em dia, predominam as estações automáticas, que coletam dados e os enviam diretamente para sistemas que podem ser acessados à distância. 

Sensores e drones, usados para obtenção de imagens e conhecimento da situação de diversas variáveis físicas e químicas do campo de produção, podem ser facilmente manuseados pelo produtor rural, diminuindo a necessidade de uma pessoa para esse tipo de atividade.

 

Redução de falhas

A mecanização e automatização das atividades de manejo reduz a ocorrência de erros. As máquinas que realizam certas atividades rotineiras na área de produção são programadas para tal e vão realizar as atividades sempre do modo pré-estabelecido, com chances muito menores de erros. Uma pessoa está propensa a distrações e fadiga, por exemplo. O mesmo não acontece com uma máquina.

A aplicação de insumos, por exemplo, quando realizada por máquinas automatizadas leva a uma maior eficiência do processo. A mesma quantidade de fertilizante vai ser aplicada em todas as plantas de uma lavoura, a mesma quantidade de sementes vai ser colocada em todas as covas de plantio e se houver diferentes necessidades de defensivos químicos, a máquina funcionará conforme a demanda.

 

Padronização

A utilização de tecnologias torna a produção mais uniforme, livre de qualquer variabilidade inerente a um processo manual. Trata-se de tornar possível a repetição de resultados safra após safra, o que também significa que será possível fazer previsões para as safras seguintes. 

Para que haja a padronização de uma produção é preciso evitar o conflito de interpretações. Em português popular, podemos dizer que o “achômetro” não é bem-vindo. Com a redução de falhas que podem ser mais comuns num processo manual, a padronização se torna mais possível. E ela é essencial para uma constância de produção e o sucesso econômico da propriedade rural. 

 

Qualificação da mão de obra

Nem sempre a adoção da tecnologia reduz a necessidade de mão de obra humana. Mas ela precisa sim se tornar mais qualificada. São necessárias pessoas que saibam interagir com a tecnologia, dando as coordenadas aos equipamentos que farão o trabalho “pesado”. Ou é necessária uma pessoa para monitorar o trabalho das máquinas e intervir caso seja necessário fazer alguma reprogramação. 

O uso da tecnologia obriga o trabalhador a estudar mais e se especializar para continuar ativo no mercado de trabalho. Em propriedades de alto rendimento que lançam mão de modernas tecnologias, não há mais muito espaço para trabalhadores que sabem apenas o básico daquilo com que desejam trabalhar. 

 

Maior competitividade

Uma fazenda que por meio da tecnologia torna-se organizada e informatizada, conseguindo reduzir falhas, padronizar processos, ter colaboradores qualificados e colher mais em menos tempo e nos momentos certos acaba por ter um produto de maior qualidade e assim ter mais espaço no mercado consumidor, sendo mais competitiva. 

O uso de máquinas, sensores e internet representa uma revolução em muitas atividades agrícolas. A tecnologia torna os processos mais eficientes. Por exemplo: um pomar de noz pecã demoraria inúmeras vezes mais para ter os frutos colhidos se essa etapa da produção fosse realizada manualmente, por um conjunto de pessoas.

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