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Rastreabilidade e controle de qualidade na produção de café

Sumário

O café definitivamente está na graça do povo em todas as regiões do planeta. Não é à toa que é a segunda bebida mais consumida no mundo, conforme pesquisa encomendada pela empresa holandesa Jacobs Douwe Egberts, que responde por diversas marcas mundiais de café, inclusive algumas brasileiras. O café é também a bebida não alcoólica mais consumida no Brasil. Somos, conforme dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil, o maior produtor de café do mundo e exportamos para os países da União Europeia, que por sua vez ocupa a posição de maior importador de café no mundo.

A produção cresce ano após ano e a quantidade de adeptos de seu consumo não para de crescer. Diante da concorrência entre marcas e da necessidade de agradar um público que está cada vez mais exigente, a qualidade se torna um fator-chave para conquistar mercados e garantir o lucro desejado. Quem busca no café uma filosofia de vida espera encontrar produtos cada vez mais perfeitos.

Qualidade

Sabor, aroma, acidez e doçura são parâmetros sensoriais sempre levados em consideração para determinar a qualidade de um café. Entretanto, tais parâmetros dependem da observação de uma série de fatores ainda na lavoura e nos frutos do cafeeiro, tais como a composição química do grão, a época da colheita, as condições de armazenamento pós-colheita e a integridade dos grãos.

A qualidade de um café não é determinada apenas pela sua receita ou pelo seu processo de torrefação. A qualidade é construída durante todas as fases de produção, até antes mesmo de implantada a lavoura, e pode envolver fatores que nem estão dentro dela.

Muitas pesquisas já foram conduzidas em diversas culturas para demonstrar que a manutenção de uma parcela de ambiente natural pode contribuir para a existência de cultivos sadios. O equilíbrio ambiental da região onde se pretende implantar a lavoura pode resultar em fatores abióticos (clima e solo, por exemplo) nos moldes que são exigidos pelas culturas para seu adequado desenvolvimento, assim como fatores bióticos sob controle. Estes últimos são muito importantes, pois significam a não-ocorrência de pragas ou doenças que possam comprometer a integridade do grão e consequentemente a qualidade do produto final.

Quando todos os fatores que envolvem a produção do cafeeiro estão de acordo com o ideal e são registrados de modo organizado por produtores rurais e técnicos, é gerada uma maior confiança por parte do mercado consumidor. Esses registros e controles se traduzem em algo que conhecemos como rastreabilidade. Quando a procedência de um café é conhecida, o mesmo é mais aceito e pode atingir diferentes nichos de mercado ou agregar mais valor ao produto final.

Quando se deseja atingir um determinado nicho de mercado, pode ser necessário fazer algumas escolhas. Por exemplo, a escolha do manejo que vai ser feito na lavoura para o controle de pragas e doenças. Se o produtor optar pela não utilização de defensivos agrícolas e preferir técnicas que agridam menos o meio ambiente, pode oferecer um produto orgânico, ou seja, um produto final com um diferencial.

Rastreabilidade

Este é um exemplo no qual a rastreabilidade está inserida como uma ferramenta de auxílio na conquista da certificação, graças ao seu esforço em oferecer um produto diferenciado. Os dados de sua produção devidamente registrados fornecem as informações necessárias para comprovar que sua produção atende os requisitos necessários para ser enquadrada em determinados padrões de qualidade.

A rastreabilidade de uma lavoura de café está diretamente ligada à sua separação em talhões e os respectivos lotes do produto obtido, o café. Estes lotes carregam a identificação de todas as suas características e do histórico do manejo durante a produção até sua chegada ao local onde vai ser oferecido ao mercado consumidor. Um café de origem conhecida e confiável atrai mais interessados quando comparado a um café cuja procedência e período de fabricação são desconhecidos.

A rastreabilidade também tem outra função. Os resultados obtidos numa colheita, devidamente registrados, podem determinar decisões a serem tomadas na safra seguinte. Associando-se os dados dos talhões e a descrição do manejo empregado na lavoura de café com os dados dos grãos obtidos após a colheita, pode-se definir o que ser feito para que os resultados nas safras seguintes sejam melhores.

A qualidade alcançada após serem feitos ajustes na produção deve ser mantida mês após mês para que o mercado consumidor continue tendo interesse no grão oferecido. Ou seja, a manutenção da qualidade resulta na já mencionada confiança dos compradores.

Jornada tecnológica

Em resumo, uma lavoura de café de sucesso é uma lavoura que é constantemente observada e tem todas as etapas de produção registradas. Qualquer problema que for percebido através do rastreamento da lavoura deve ser corrigido o quanto antes até que se alcance a produção de um café com as características desejadas.

Com os avanços da tecnologia, todo o processo de registros e monitoramento que envolve a rastreabilidade da lavoura de café tornou-se mais fácil de ser realizado. Softwares e aplicativos foram criados para substituir qualquer método manual. Hoje a lavoura pode ser acompanhada digitalmente, pelo computador ou até mesmo pelo celular. O caderno de papel foi substituído pelo caderno de campo digital.

Mas não basta apenas ter as informações da lavoura reunidas de um modo mais prático e seguro. É necessário também informações cada vez mais precisas do estado de cada talhão. Para isso, a tecnologia também evoluiu e hoje ferramentas de sensoriamento remoto são capazes de fornecer tal detalhamento. Em alguns casos, planta por planta.

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